quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Portugal tem 200 mil imóveis usados que estão sobreavaliados e não encontram comprador

07.08.2008 - 18h36 Lusa

Em Portugal há 200 mil imóveis usados que estão sobreavaliados e, por isso, não encontram qualquer comprador, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da APEMIP, José Eduardo Macedo."Estimo que actualmente a oferta de imóveis usados no mercado português ascenda a 200 mil, mas porque estão sobreavaliados não encontram comprador", disse o dirigente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Segundo José Macedo, estima-se que hajam 200 mil imóveis usados "na cabeça dos proprietários". "Os preços pedidos estão ainda relativamente próximos dos valores a que são vendidos os imóveis novos, mas por estarem sobreavaliados os compradores não optam por os adquirir", sublinhou. Neste caso, a restrição do crédito bancário e os empréstimos mais caros aos clientes não estão a impedir que estes imóveis sejam vendidos, apesar de a Euribor, a taxa a que os bancos emprestam dinheiro uns aos outros, ter atingido a seis meses, na quarta-feira, um novo máximo dos últimos oito anos, nos 5,166 por cento, e a três meses um máximo de quase oito anos, nos 4,97 por cento. Embora a maioria dos empréstimos à habitação em Portugal esteja indexado à Euribor (a três e seis meses), pelo que taxas mais altas traduzem-se no encarecimento das prestações das casas, quem tem imóveis possui imóveis usados e ainda não os amortizou na integra, mas pretende vendê-los, tem "um problema acrescido", explicou. As pessoas que querem vender os imóveis usados pedem preços que estão acima do que as habitações valem, até porque quando contraíram empréstimos pediram crédito para mobilar as casas e mesmo comprar automóveis. Para José Eduardo Macedo, a manutenção da taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE), em 4,25 por cento, hoje, "não foi uma surpresa". Desde o início da crise do crédito hipotecário de alto risco ('subprime'), em 2007, as taxas de juro de mercado da Zona Euro têm estado a subir, reflectindo o aumento do risco de crédito. Desde o início do ano, a Euribor a 3 meses cotou-se em média nos 4,72 por cento, a Euribor a 6 meses nos 4,783 por cento e a Euribor a 1 ano nos 4,718 por cento, valores todos acima das médias entre os 4,2 e os 4,45 por cento registadas no conjunto de 2007. "As taxas de juro dos empréstimos estão mais elevadas, mas nada que seja ainda insuportável, podendo mesmo subir", disse o presidente da APEMIP. De acordo com José Macedo, a 'bolha' do imobiliário em Espanha não afecta o sector da construção em Portugal. "Não estamos preocupados com essa situação", sublinhou. O responsável pela APEMIP disse à Lusa que o parque imobiliário edificado, que ascendeu a 64 mil imóveis em 2007, estima-se que deverá crescer este ano mais 50 mil unidades. Há 5,7 milhões de imóveis edificados, mas entre 800 mil a um milhão não reúnem condições mínimas de habitabilidade ou estão muito degradadas. "Estamos numa fase em que a construção não é paradigma, mas sim a reabilitação, além da construção atendendo à sustentabilidade e eficiência ambiental", sublinhou. O dirigente afirmou ainda à lusa que a oferta de imóveis tem vindo a diminuir, mas os preços em boas zonas mantêm-se estabilizados em níveis elevados. Ao todo foram vendidos 209 prédios urbanos em Portugal em 2007, estimando-se que se vendam entre 155 mil e 190 mil, entre novos e usados, em 2008. Destes últimos 40 a 50 mil são novos e os restantes usados.

Fonte: PÚBLICO

Contributo enviado por Francisco Gonçalves (Angariador Imobiliário - RE/MAX Sé)

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